domingo, 17 de janeiro de 2010

Primeiro anjo 2010, Fortunata

FORTUNATA: SEJA E PROSPERE!



Ser pobre é não ser, meu amor.

Sentir-se pobre é não "se" sentir.

Pensamos que a fortuna não depende de nós mesmos, que alguns nascem para serem pobres e outros são mais afortunados.
Como é difícil, meu amor, entender que recebemos o que pedimos, encontramos o que buscamos, possuímos o que achamos que merecemos.

Esse mundo é tão orientado pela avidez material, que buscar valores humanos parece coisa de gente infantil e fraca.
E os que se referem a tais valores são geralmente os que menos crêem no que dizem!!

Pois qual seria o sentimento que esperaríamos da parte de quem acredita realmente em valores humanos ou espirituais em relação aos que acumulam bens materiais?
Reprovação?
Condenação?
Desprezo?

Não, meu amor.
Alguém que realmente vive da busca de valores humanos só poderá ter compaixão de quem é insensível a eles.
Se alguém é feliz na alma não pode não sentir dó de quem vendeu a sua.

Toda condenação da busca de bem materiais...
Nada mais é que inveja não assumida, meu amor.

Pois qual o efeito de alguém que condena a avidez?
Valorizá-la aos olhos de quem a busca.

Imagina um segundo só, meu amor:
Imagina que tu és uma pessoa rica e poderosa.
Andas num carro luxuosíssimo enquanto pessoas amontoam-se em transportes comuns.
Tuas roupas são caras e vistosas contrastando com a singeleza da dos demais.
Portas ornamentos em ouro enquanto outros possuem no máximo um relógio modesto.
Imagina-te, então, passeando no meio a estas pessoas humildes.
Tenta agora sentir-te como se elas te observassem com compaixão, como se vissem um miserável, um mendigo, um ignorante.
Imagina que todo teu brilho não atrai, todo teu dourado não reluz aos olhos dos que te contemplam.
Ainda te sentirias "rico" numa situação assim?

Claro que não, não é, meu amor?

Pois a riqueza material não existe pelo que ela é, ela vive do que fazem dela os que a cobiçam.

Se ninguém valorizasse tua fortuna, se ninguém te condenasse por possuí-la, se ninguém quisesse matar-te para roubá-la:
Que valor ela teria??

Eis o "valor" das coisas, meu amor, ele não depende do que as coisas são, mas do que fazemos delas.

Mas, se és rico, fica tranqüilo, meu amor, pois não há perigo que os homens deixem de pôr tua vida em perigo, o que retiraria o valor do que pensas possuir.
É mais fácil que percas tua vida por causa dos teus bens do que percas teu bens por causa da tua vida.

Pois se, porventura, és rico, meu amor, enquanto te acusarem de ser rico, enquanto te chamarem de "explorador", de "capitalista", enquanto denunciarem tua falta de generosidade, jamais teus denunciadores conseguirão te convencer que não cobiçam, secretamente, teus bens e que não tem coragem de assumir suas próprias ambições.

Nesse mundo de conquistas materiais que é o nosso, meu amor, a felicidade parecer depender do que nos falta, não do que possuímos.

E no entanto:
Alguém pode ter pouco e não lhe faltar nada.
Alguém pode ter tudo e tudo não lhe servir de nada.

Mas não vamos "nadar contra a corrente", meu amor.
As pessoas acham que são infelizes porque lhes falta algo? Vamos estudar aqui os meios de obtê-lo!

O que te falta, meu amor?
Tu o sabes?

Pois enquanto não soubermos exatamente o que nos falta e nos dedicarmos resolutamente a obtê-lo, de que nos queixamos?
Tens certeza, meu amor, que houve algo que te faltava realmente e que realmente tentastes obtê-lo e não o conseguistes?
Se respondes "sim" a essa questão, ao risco de contrariar-te enormemente, afirmo que te enganas.
Sei que essa afirmação te parecerá pretensiosa, infundada e indefensável, meu amor, mas corro menos risco de descreditar-me através dela do que imaginas.

Pois no centro de todos os nossos problemas em relação à frustração está a nossa grande dificuldade de sentir, logo, determinar, o que realmente nos falta.
Nossa consciência das nossas reais necessidades é mais que confusa, ela é o ponto de nós mesmos que mais tememos encarar.

Na realidade, nenhum de nós sabe o que lhe falta realmente, meu amor, porque nenhum de nós sabe realmente o que tem.

O comércio vive disso, meu amor, de criar mercados criando necessidades a partir da necessidade das pessoas de serem necessitadas.

Somos todos uns grandes insatisfeitos, meu amor.
Não porque nos falta algo, mas porque não sabemos o que possuímos.

Jamais poderemos obter o que ainda nos falta, meu amor, enquanto nos faltar o que já possuímos.

Pois, como saber o que nos falta se ainda não sabemos o que temos?
Tens certeza que sabes o que tens, meu amor, no sentido que utilizas, usufruis, plenamente, do que tens?

Se a resposta é sim:
Tens certeza que alguém pode usufruir plenamente do que tem e queixar-se do que não tem?
A resposta aqui teria que ser inevitavelmente "não", meu amor.
Pois só sente falta de algo, só sente-se "pobre", só queixa-se, quem não usufrui do que tem, meu amor.

Talvez estejas tu imaginando:
"Lá vem ele me embananar a cabeça com algum princípio tolo, estilo: contente-se com o que tem e viva feliz!"
Não, meu amor.
Não perderia aqui teu tempo e o meu com tão pouco.
Se tivesse de enunciar sob forma de princípio o que aqui exponho, esse princípio seria:

"Usufrua do que tem e obtenha cada vez mais"!

Pois o que nos impede de obter é o mesmo que nos impede de usufruir:
Não temos porque não aceitamos usufruir... Assim como não usufruímos porque não aceitamos possuir...

"Possuir" algo aqui não se refere unicamente a um pedaço de papel testemunhando que tal ou qual objeto nos pertence, ou a outro documento que afirma que tal pessoa é nosso esposo ou esposa.

Afinal, às vezes, a esposa pertence mais ao amante do que ao marido, assim como um bosque pertence mais ao empregado que costuma "piqueniquear" nele do que ao proprietário que nunca o visitou.

Afirmo, então, meu amor, que quem usufruir cada vez mais do que possui possuirá cada vez mais do que usufruir, e quem não usufrui do que já tem, quanto mais tiver, menos usufruirá.

Talvez o que eu afirme aqui te pareça "louco" ou "infundado", meu amor.
Mas pelo menos podemos concordar num ponto:
Não encontrarás ninguém que possa queixar-se do que lhe falta afirmando, ao mesmo tempo, que a falta que sente é unicamente falta de coragem para usufruir do que tem.
Em outras palavras:
Todas as pessoas que se queixam de precariedade, material ou afetiva, discordarão unanimemente de mim se lhes afirmo que não obtém o que lhes falta porque lhes falta gozar do que já obtiveram, não achas, meu amor?

Estamos, então, todos "condenados" a mantermos nossa opinião, meu amor...
Pois eu não vou deixar de pensar como penso só porque outros discordam, pois sei que deixei de sentir-me carente quando descobri que quanto mais eu era capaz de gozar do que já tinha, mais vinha.
E os que se queixam não vão acreditar em minhas palavras quando estas parecem em contradição com sua própria experiência de vida.

A princípio, eu nada tenho a ganhar indo do meu ponto de vista ao dos que se queixam, por duas razões:
A primeira é óbvia, meu amor, pois eu teria que ser bastante idiota e masoquista para sair do meu estado de contentamento com o que tenho, e que me traz mais ainda, para entrar num estado de queixa e de frustração, que me faria não só perder o gosto no que gosto mas, ainda por cima, me traria o desgosto do que penso que me falta e que, já que passaria a não gostar do que tenho, não me contentaria quando o obtivesse.
O segundo motivo porque eu não me colocaria no lugar dos que se queixam é porque sei que eles tem inteiramente razão
Durante muitos anos eu também pensei que o que me fazia infeliz era o que me faltava.
Nessa época eu também era incapaz de crer que o que me faltava era a capacidade de gozar do que tinha.
Muito menos teria eu acreditado, se alguém me afirmasse, que quanto mais eu soubesse gozar do que já estava ao meu alcance mais e mais coisas maravilhosas viriam ao meu encontro. E sem que eu tivesse sequer de buscá-las, muito menos de lutar por elas! Na época, lendo o que aqui escrevo, eu teria certamente pensado:
"Isso é idiotice pura! Ademais não tem NADA de realmente bom nessa minha vida chata, sacrificada e monótona"!
E com esse "argumento" daria simplesmente a discussão por encerrada. Talvez eu não tivesse sequer continuado a leitura de um texto assim até aqui, meu amor. Minha irritação e meu orgulho ferido teriam já abandonado com desdém esse tema da forma como ele é aqui abordado.

Por isso não insistirei mais com argumentos, pois devo, antes de mais nada, um grande respeito pelos que sofrem do afeto ou dos meios financeiros que lhes faltam e que se queixam disso. O que eles precisam, antes de mais nada, é que os compreendam, que os aceitem como são, já que eles mesmos não se aceitam. E isso é o que mais lhe falta:
Aceitação de si.

Não há como transcendermos o que "somos" enquanto não aceitarmos o que cremos ser, meu amor.
Seja lá o que for.
Seja lá a falta que julguemos haver cometido.
Seja lá a miséria, a feiúra, a falta de inteligência, a falta de saúde que julguemos nossa.

Ser o que se é, eis a receita da felicidade e da prosperidade.

Sem a aceitação de si nada em si evoluirá.

Não porque ninguém estaria disposto a auxiliar quem não se auxilia.
Não porque nada estaria à nossa disposição.
Mas porque nossa autocondenação, que nos sentencia a uma negação de auto-ajuda, impediria-nos de reconhecer e, menos ainda, de aceitar o que a contrariasse.

Não há, então, argumentos ou meios que possam ajudar alguém que sequer sabe que não se deixa ajudar, porque sequer sabe que não ajuda a si mesmo, meu amor.
Mas alguém que já chegou realmente às profundezas da frustração, que já sentiu toda a intensidade de se sentir miserável, alguém que já perdeu inclusive o orgulho ferido de se sentir fracassado ou inferior aos demais, esse poderá tentar a experiência de mudar.
Mudar, não de ponto de vista, já que não se muda assim de convicção, mas tentar mudar de experiência.

O que quero dizer com "mudar de experiência", meu amor, não é nada de "mágico", "revolucionário", nem sequer de "novo".
Refiro-me a algo comum e banal que todos conhecemos.
Pois todos nós, em momentos de profunda tristeza, somos intensamente gratos a mais mínima demonstração de reconforto.
Um gatinho que viesse aninhar-se no nosso colo num momento nosso de intensa sensação de abandono, de solidão e de desespero, nos faria esvair em lágrimas de tanto que aquele gesto "animal" nos faria bem.
Nossa capacidade de gozar de quase nada nesses momentos em que nos falta quase tudo atinge seu ponto culminante.

Simplesmente, quando nos sentimos "melhor", tornamo-nos mais... exigentes...
Já não nos contentamos com "pouca coisa"!
Que estranhos somos, não é, meu amor?
Quando não temos quase nada, um "quase nada" que nos dão é "bom", e quando temos quase tudo, quase tudo que nos dão é "mau"...
Voltando, então, à "experiência" que aqui proponho, meu amor, ela consiste em iniciar um exame minucioso de toda riqueza que possuímos, tanto no plano afetivo quanto material.
Com o termo "riqueza" não me refiro a uma escala de valores exterior a nós mesmos, chamo de "enriquecedor" aquilo que nos faz feliz, que nos proporciona prazer.
Pois alguém poderia estar muito feliz em ter um carro velho e alguém ter muita vergonha do seu carro novo por ele ser menos valioso que o do vizinho.
Nesse caso, a primeira pessoa deveria contar seu carro velho entre as suas "riquezas" enquanto a segunda não deveria contabilizar seu carro novo entre seus tesouros.
Como vês, meu amor, não se trata de sugerir aqui: "contente-se com o que tem e viva bem"!
A experiência da obtenção através do prazer do que já se obteve só pode ser iniciada a partir do que realmente representa uma satisfação.

Em compensação, o mais ínfimo gesto que traz bem-estar, como cuidar de uma planta caseira ou mastigar um pão quentinho devem ser escrupulosamente contabilizados e praticados com o gosto que realmente proporcionam.
No plano material, igualmente, tudo o que for possível adquirir, mesmo que o poder aquisitivo proceda da mendicância, deve ser feito não com o pensamento voltado para tudo que ainda falta mas para o prazer que proporcionará o que está sendo adquirido e com a firme intenção de aproveitar o máximo e o melhor possível da aquisição.

A experiência consiste, finalmente, em não deixar o sentimento de frustração nos desmoralizar, nos desmotivar, roubar nossos momentos possíveis de prazer, para nos consagrarmos inteiramente ao prazer já disponível, criando assim espaço mental e abertura para que novas fontes de prazer possam ser percebidas e conquistadas.

Se te deres ao trabalho de tentar essa experiência, meu amor, posso te afirmar que não somente te espantarás com o número das fontes de gozo e prazer que já possuis e não usufruis, como verás "milagrosamente" teu patrimônio material e afetivo expandir-se espontaneamente!
Pessoas que sequer suspeitas te oferecerão uma ajuda que sequer pedistes.
Comerciantes te oferecerão descontos em artigos sem que tu tenhas que pechinchar!

Inacreditável não, meu amor?
Talvez estejas pensando: "devo estar lendo alguém muito tolo, muito mentiroso ou, talvez, louco".
A não ser que se trate de uma piada!

Mas não é piada, meu amor.
Não tentaria contradizer-te se crês que sou tolo, mentiroso e louco, até ao mesmo tempo.
Mas posso assegurar-te que se tentares a experiência, constatarás o que afirmo.

Não duvido do resultado dessa experiência, meu amor.
Onde pode haver falha é na minha capacidade de fazer-te entendê-la o suficiente, no meu dom de demonstrar-te que o que aqui digo é unicamente o "óbvio" que nos negamos a ver.

Caso tentes a experiência, meu amor, tenta ser muito honesto contigo mesmo para não impedir-te de sentir tudo que já pode realmente te dar prazer.
Consagra-te unicamente ao prazer, afastando-te por algum tempo do teu culto da dor.

E nesse caso, podes estar certo que capturastes "Fortunata".

FORTUNATA é o arquétipo da receita da prosperidade inviolavelmente ligada ao que há de mais profundo em nós mesmos.
Esse "arquétipo" é um "anjo" que vive com quem vive no prazer.
Pois quem não vive no prazer, optou pelo desprazer, mas não se dá conta disso ainda.
Fortunata não sabe não estar onde está o prazer pois seu prazer é fazer todo prazer prosperar, expandir-se, extrapolar incessantemente seus próprios limites.

Tenta, então, meu amor, num momento espontâneo de prazer, captar bem a memória desse sentimento em si, pois ele é um chamariz bastante eficaz:
Fortunata não resiste a ele.
Assim, basta que te dirijas mentalmente a essa memória do prazer para que Fortunata dirija teu inconsciente imediatamente a uma fonte de prazer que estava ali à tua disposição e não tinhas ainda percebido.
Fortunata intensifica e enriquece todo prazer, seja ele espiritual, carnal, lúdico, ou no que concerne bens materiais.
O que interessa a essa "anja", é que aquilo que te faça sentir-te bem não somente te seja outorgado mas intensificado.
Se é dinheiro que te dá prazer, terás cada vez mais.
Se é sexo, prepara-te fisicamente!
Se já atingiste o gozo espiritual, Deus te será revelado.

O que tens a perder em tentar, meu amor, a não ser teu medo que dê certo??