terça-feira, 24 de novembro de 2009

Jamaerá

JAMAERÁ, A MANIFESTAÇÃO DA VISÃO: A ÚNICA CRENÇA PERIGOSA AO SABER, É A CRENÇA NO SABER

Alguns relatos pessoais realizados por homens de ciência sobre a maneira como eles chegaram às suas descobertas, são bastante curiosos, meu amor.
Todos conhecemos o anedótico relato de Arquimedes correndo nu pelas ruas da Grécia antiga, e gritando "heureca!" após ter descoberto, graças a um banho na banheira, uma equação que buscava já há muito tempo.Outros cientistas afirmam que sonharam com a solução que buscavam, ou que tiveram uma "visão" dela.Inúmeras soluções científicas foram também consideradas, de início, como absurdas e irracionais, meu amor.E, muitos homens de ciência tiveram, em primeiro lugar, a intuição de uma pista de trabalho, uma firme convicção interior, que só se converteu em "razão" e em "ciência", num segundo momento, quando eles buscaram apoio lógico ao que intuíam.
Todos nós possuímos essa "visão interior", essa intuição de algo, e só em seguida buscamos uma explicação racional ao que intuímos, meu amor.
Cultivar a própria intuição nada tem de "irracional", pois a razão funciona bem mais como caução lógica de uma hipótese, do que como um motor de busca.
A verdadeira fronteira entre a crença e a razão não se situa na interdição de "intuir", meu amor, mas, sim, no reconhecimento das nossas próprias crenças pessoais.
O primeiro ato racional, meu amor, é repertoriar, em si mesmo, tudo que é do domínio da crença.Infelizmente, grande parte dos homens de "razão" envergonham-se das suas crenças, e ocultam-nas de si mesmos.
Eles cometerão, assim, o mais irracional dos atos, e servirão intelectualmente à mais irracional das crenças:A crença de não possuir nenhuma crença.
Pois é impossível viver sem crenças, meu amor.
Crença é sonho, meu amor.
Mas crença é, igualmente, hipótese, crença é suposição, é todo e qualquer modelo científico, que só é "verdade" até a prova do contrário.
Crença é simplesmente sinônimo de...
Percepção...Pois a percepção nada mais é que, justamente, essa "intuição", essa visão "interior", que temos do mundo e de seus fenômenos, e que dialoga constantemente com nossa razão, que confirma ou desmente o que cremos ou intuímos ser "verdade".
Mas a razão não é sinônimo de "verdade", meu amor.
A razão só consegue pronunciar-se sobre o "como" de uma existência, ignorando tudo do "porque" existencial dela.Todo criador em ciência, em política, em arte, em religião, em filosofia, ou onde quer que seja, é, antes de mais nada, um visionário, um "utopista", meu amor.
Todo inovador busca novas combinações de antigos padrões, busca, precisamente, o que escapou, até o momento, à "razão", e que poderá, em seguida, ser corroborado e adotado por ela.Só quando perdermos o medo do nosso "visionário" interior, meu amor, é que...Paradoxalmente...Conseguiremos liberar nossa razão das nossas crenças e superstições.
Uma técnica de raciocínio e criação que obteve bastante sucesso é conhecida sob o nome de "brainstorming", meu amor.Nesse método, deve-se deixar que toda e qualquer idéia que nos venha à mente na busca de uma solução, seja aceita, num primeiro tempo, sem nenhuma censura.
Só em seguida é que o conjunto de hipóteses emitidas será racionalmente analisado.O que se constata com tal método, meu amor, é que, freqüentemente, são as sugestões que, inicialmente, pareciam as mais absurdas, ou impraticáveis, que acabam fornecendo a solução desejada, graças a algumas modificações.
Outras vezes, estas proposições tidas como absurdas à primeira vista, permitem uma transição a soluções que partiram delas.
Na realidade, nossa mente funciona naturalmente em termos de "brainstorming", meu amor, levando todo tipo de solução em conta na fase inicial, e fazendo uma triagem, unicamente, na fase final, já mais próxima da adoção de uma estratégia de ação.
Este modo de funcionamento é típico dos sistemas altamente organizados e complexos como o cérebro, e é descrito pela "teoria do caos", segundo a qual, toda dinâmica supostamente "aleatória" dos sistemas de regulação sofisticados e evoluídos, é regida por uma "variável oculta" (que é designada em inglês de "strange attractor"), que reordena e coordena inúmeras ações aparentemente "caóticas".
A "racionalidade" nada mais é, então, meu amor, que essa "variável oculta", que coordena o sem-número de operações mentais, "caóticas" e "irracionais", que realizamos a cada instante.Na sua face mais interna, nossa mente é uma fonte sem censura de idéias e hipóteses, um "oceano irracional e inconsciente", cujas ondas vão se quebrar nos arrecifes da nossa consciência ordenadora.Razão e intuição, lógica e "visão interior", são, assim, as duas faces dessa "variável oculta" que é nossa mente.
A irracionalidade é, então, o laboratório da racionalidade, meu amor.
Sem ela, a razão converte-se na única crença realmente nociva ao saber: o dogma.
As pessoas que mais combatem a "irracionalidade" das religiões, da astrologia, ou da mística, são, na realidade, pessoas dogmáticas, prisioneiras de um altíssimo nível de crença e de irracionalidade reprimidas, que manifestam, através desse combate contra a crença "do outro", a projeção do próprio medo do irracional auto-censurado, mas perniciosamente ativo, pois a única crença realmente perigosa ao saber é a crença no saber, meu amor.
Quem "sabe que crê", meu amor, sempre estará vigilante, sempre utilizará seu racional para avaliar suas intuições.Mas quem "crê que não crê", ou seja, quem "crê que sabe", jamais poderá chegar, da sua crença no saber, ao saber das suas própria crenças.
Daí a "fúria" de muitos intelectuais contra o "irracional", meu amor:
Trata-se de um combate interior contra o irracional desconhecido em si mesmo.
Se queremos chegar à razão, meu amor, aceitemos, então, o nosso visionário!
JAMAERÁ é esse arquétipo da MANIFESTAÇÃO da "visão interior", meu amor.
Esse "anjo" é o encarregado de despertar nosso "visionário", nossa intuição, de conduzi-la, em seguida, à razão, à APLICAÇÃO CONCRETA do nosso universo visionário, "utópico", assim que este encontrar um ponto de apoio lógico na nossa dimensão material.

Vale a pena insistir, aqui, de novo, meu amor, sobre o fato que a “visão interior” corresponde ao nosso modelo pessoal de “realidade”, à nossa interpretação da nossa “crença subjetiva” nela.
Pois, como vimos no estudo de arquétipo da beleza, Iofiel:
Não sentimos o que percebemos, e sim percebemos o que sentimos.
Nossa percepção do mundo nada mais é do que a MANIFESTAÇÃO da nossa “crença”.
No início, “vibra” dentro de nós uma emoção, uma “intuição”.
Essa vibração emocional básica condensa-se, em seguida, sob forma de “visão”, de concepção de uma ação, e será nossa crença nesta visão que nos conduzirá à sua MANIFESTAÇÃO, à sua transformação em atos concretos.
Assim, a vibração emocional de base, estudada com maiores detalhes no arquétipo de Galgaliel, conduz-nos ao arquétipo da “visão interior”, estudado em Paschar, que culmina com sua MANIFESTAÇÃO, representada arquetipicamente por Jamaerá.
É inútil, então, impossível mesmo, coercir nossa “visão interior”, nossa crença, já que ela sempre encontrará meios de se MANIFESTAR no concreto.
Nem que seja sob forma de protesto, de prostração, de auto-agressão.

Perde, então, o medo de sonhar, meu amor!
Um homem terá muita dificuldade em viver apenas de seus sonhos.
Mas, um homem sem sonhos, já é um homem morto, meu amor.
Nossos sonhos são o autêntico motor da nossa realidade.
O desejo da descoberta é que a realiza.
Homens sempre conseguiram sobreviver sem ciência.
Mas só robôs sobrevivem sem poesia.
Queres utilizar tua mente?
Queres acionar tua razão?
Libera o teu coração, sonha, meu amor!
Sonha acordado, imagina o que tu queres fazer da tua vida, sonha a vida que queres, ousa ter a visão de ti que, na realidade, vive no fundo de ti mesmo, quer aceites vê-la ou não.Deixa que a razão sirva à teus sonhos, meu amor, não que ela seja seu túmulo.Faz essa experiência, meu amor:
Sonha.Sonha com a vida que queres, com o mundo que anseias por ele, com o tipo de relação que desejas manter com as pessoas.
Utiliza, em seguida, tua razão, não para criticar o "ridículo" ou o "absurdo" de tal ou qual fantasia tua, mas para adaptá-la às circunstâncias presentes.
Não desperdiça tua energia mental julgando, investe toda ela na busca dos meios para realizar o que almejas.Deixa que teus sonhos sejam os mestres dos teus projetos, e que tua mente seja, simplesmente, o que ela é:
A responsável da adaptação e da execução.
Só não confundas "sonho" com "realidade", meu amor.
Pois o próprio de um sonho é saber se transformar, renascer das suas próprias cinzas.O sonho é o impossível que saberá enraizar-se no real da maneira que lhe for...Possível...Se te obstinas a "realizar" teu sonho, tal e qual ele se apresenta na tua visão, é porque ainda confundes sonho com realidade, logo, já não estás mais "sonhando", a palavra mais certa nesse caso seria ..."delírio"...Pois o "delírio" é um sonho que esqueceu que é um sonho, meu amor.O delírio é um sonho que esqueceu de se transformar em realidade, por medo de se realizar, preferindo transformar-se em...
Pesadelo...Entendes, talvez, melhor, agora, meu amor, porque não devemos temer nossos sonhos, pelo contrário, deveríamos sonhar cada vez mais, e cada vez mais "loucamente"?
A função do sonho é buscar o impossível, o inatingível, o inexistente, meu amor.E a missão da razão é enraizar essa força criativa na materialidade.
A razão é, assim, a maior amiga do sonho, da visão, da intuição.
Pois, sem a intuição, a razão nada mais seria do que uma mecânica, meu amor, uma inteligência "artificial".A tua razão está te implorando para que sonhes, para que exageres, para que creias, para que cries, para que tentes, para que aceites errar.
Mas teu medo deu um "golpe de estado" no teu estado mental, tornando-se o censor dos teus sonhos, fazendo-se passar por tua razão, quando ele é a própria negação dela, pois onde já se viu um "medo" de viver, de tentar, poder justificar-se racionalmente?
Tua razão suplica para que ouses, para que não pares de desejar, de viver, meu amor.Só assim ela poderá conduzir-te ao seu cume, de onde contemplarás o mundo não como um frustrado do que não viveu, mas como um Buda que, tendo percorrido todos os princípios do prazer, alcançou o sublime prazer de ser.
Pois, no começo, teus sonhos buscarão o prazer, meu amor.
Mas essa busca já é a negação implícita do prazer, que já está em ti, negação do fato que teu ser, em si, nada mais é que prazer.
Só vivendo a busca do prazer poderás descobrir o prazer que já vive em ti, meu amor, simplesmente porque vives.
Se já me entendes, meu amor, aceita, então, essa minha explanação como um encorajamento a mais na tua via.Se discordas de mim, se não me entendes, meu amor, disseca meu texto, utiliza dele apenas o que te convém.Ao fazê-lo, tomei a precaução de concebê-lo apenas como um sonho, apenas como uma visão.E, sendo a visão uma aspiração, um movimento, ela é um todo, meu amor, um "holos", que renasce de qualquer fragmento seu.
Isolando a discordância, conservarás a concordância, meu amor, pois visão é prazer, e prazer é concordância.Assim, onde quer que se situe tua discordância, ou incompreensão, quanto a afirmação aqui, da importância fundamental da "visão" à própria razão, no primeiro momento de prazer que te concedas, entraremos em concordância outra vez, pois teu "visionário", teu "Jamaerá", estará lá, presente, guiando teu sonho de prazer, buscando despertar-te para a realidade do prazer, pois todo prazer só é um sonho, meu amor.
Mas, todo prazer só será um sonho, enquanto teu medo fizer da tua realidade um pesadelo.Não temas o temor, meu amor.
Busca o que já te dá prazer.
Aí está o segredo da visão.
Aí está a verdadeira luz da tua razão.




























quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Remiel

REMIEL: A MISERICÓRDIA É A FONTE DE TODO GOZO


O fundamento de toda transformação humana, de toda evolução das nossas consciências, é a compaixão, meu amor.
Não há uma característica, um "arquétipo", mais imprescindível a cada um de nós do que esse.
Todos os demais serão incompreensíveis, se não estiverem baseados nele.

Buscar o autoconhecimento, estudar a condição humana, negligenciando a compaixão, ignorando a misericórdia, é desconhecer o essencial.
No entanto, o que sempre fazemos é fugir dela, meu amor.
Buscamos, antes de mais nada, o contato com a verdade, com a paz, com o amor, com a coragem e com tantos outros arquétipos lindos e conhecidos nossos, mas, no fundo, recusamo-nos a admitir que todos eles nada mais são que aspectos da compaixão.
Pois, sobretudo, o que não queremos encontrar, o que não queremos contatar, o que não queremos "ter", é...Misericórdia.
Sei que essa afirmação aqui pode chocar o teu piedoso coração, meu amor, sobretudo se já és sensível à questão da compaixão.
Irei, então, direto ao essencial:

Estás seguro de que tens compaixão de ti mesmo?
Pois como poderias ofertar o que não possuis para ti?
Como saberias ensinar aos demais o que não sabes sequer utilizar em benefício próprio?

"Casa de ferreiro, espeto de pau", diz um velho ditado, tentando indicar-nos o quanto somos tentados a recusar a nós mesmos o que ofertamos a outrem.

Nossa "boa" educação nos ensina que "devemos" misericórdia aos necessitados, fazendo-nos crer que a fonte de todo prazer, que é a compaixão, seria um "dever".
Mas, quando a compaixão aos demais transforma-se em "obrigação", não somente nos culpabilizamos, quando não a sentimos, como ignoramos que toda misericórdia que não flui espontaneamente em direção aos demais é apenas o reflexo de que ela está sendo negada a si mesmo.

Passamos, então, secretamente, a odiá-la, como odiamos tudo que nos parece "obrigação".
Acusamos os demais diante da mais mínima infração à "regra" da compaixão, sem percebermos que essa acusação é autodirigida, que é porque negamos a misericórdia a nós mesmos, não nos dando o melhor de nós mesmos (casa de ferreiro, espeto de pau…), que a indiferença dos demais aos necessitados incomoda-nos tanto, a ponto de mudar nosso comportamento:
Diante dela, nos transformamos de samaritanos piedosos a acusadores impiedosos de quem mais, em princípio, necessitaria nossa piedade, que são aqueles que julgamos impiedosos.

Pois, quem está mais necessitado: quem não tem o que pôr no estômago, ou quem está com o coração vazio?
Quem deveria tocar mais nossos corações: quem pede compaixão, ou quem ignora que a necessita?
Presenciei uma vez uma cena no metrô, que ilustra esse fato meu amor.Um velho "clochard", vagabundo francês de uns 70 anos, estava caído num daqueles corredores do metrô.Passaram por ele todos os passageiros de um metrô que acabara de chegar.
Nenhum olhou sequer para a cena.
Mais de cem pessoas fizeram de conta que nada viram.
Eu era um dos últimos.
Teria, provavelmente, feito o mesmo, com duas "excelentes" desculpas:
A primeira é que como ainda não havia descalço os meus patins, estava assim pouco habilitado a levantar uma pessoa de uns setenta quilos do chão.
Minha segunda desculpa, a mesma que estava utilizando toda aquela massa humana de passantes, é que tratava-se de um "clochard", e estas pessoas sempre bebem e caem, e até dormem lá mesmo onde caíram.Pô-los de pé é vê-los cair dois passos depois.
Mas, na realidade, a realidade do porquê quase duas centenas de pessoas ficaram indiferentes ao "clochard", é que um "clochard" fede.
E fede muito.
Quando dormem num dos bancos do metrô, nós, os "civilizados", não agüentamos sequer estar no mesmo vagão que eles, pois invade-nos um fedor de sujo entranhado misturado com urina de meses, irrespirável.Todo parisiense conhece e já foi "vítima" desse odor.
Eis o motivo real porque ninguém foi tocar no "clochard".
Mas sequer tive tempo, no momento mesmo da cena, de tecer todas estas elucubrações mentais, pois uma jovem mulher, acompanhada de uma amiga, pouco antes que fosse a minha vez de passar indiferentemente diante do "clochard" fingindo não vê-lo, não resistiu à cena, caiu na culpa, ou na obrigação de compaixão, e pôs-se de joelhos a ajudá-lo.
Mas era muito fácil saber que ela estava apenas reprimindo sua culpa e sua raiva de não ousar fazer como os demais, pois mal se pôs ela de joelhos diante daquele humano nauseabundo e pestilento, que ela começou a urrar alto e forte, para que todos nós ouvíssemos o quanto o mundo estava composto de humanos insensíveis, o quanto nós todos éramos degenerados, tanto os da frente, que já tinham “escapado” ao "clochard", quanto os que vinham atrás.
Aquela jovem estava obrigando-se a ter compaixão, odiava isso e acusava os demais em sua volta de uma insensibilidade que ela invejava.
Não fora isso, o ato mesmo de ajudar, de compartilhar, encheria seu coração de uma alegria de uma intensidade que nenhum prazer carnal, que nenhum divertimento podem oferecer.
Aí está, então, o drama da misericórdia, meu amor:

Por ignorarmos o que ela realmente é e pode por cada um de nós, negamo-la a nós mesmos.
Por ignorarmos o prazer que é ofertá-la a si mesmo, desconhecemos o êxtase que é compartilhá-la.

Quando a oferecemos aos demais é sempre por obrigação, obrigação ditada pela culpabilidade, ou, pior ainda, como a jovem em questão, para jogar publicamente essa culpa de "ter que" ocupar-se de algo desagradável porque uns desapiedados (leia-se, mais cínicos em relação à culpa) não o fizeram para que "eu" tenha que fazê-lo, porque não tenho coragem de suportar minha culpa de ver no abandono desse "clochard" o abandono de mim a mim mesmo!!
"Pai... se possível afasta de mim esse cálice sem que eu o beba”...
Bem que essa frase de Jesus poderia ser confundida com covardia, ou com má-fé, se ela não nos significasse antes uma clara e bem merecida misericórdia de si.
Pois a frase pode muito bem ser entendida como:
"Pai, não sinto satisfação alguma em me fazer crucificar. Mas... se não tiver outro jeito"…
Em todo caso, a misericórdia de si é a fonte de toda autêntica misericórdia, meu amor.

Pode te parecer incrível, meu amor, mas uma das maneiras mais comuns através das quais ocultamos nosso ódio a nós mesmos, é…
Ajudando o nosso próximo…
Muitos de nós se lançam numa ajuda ao próximo por abandono a si, meu amor.

Nossa compaixão muitas vezes oculta uma depressão.
Não se trata aqui de condenar quem ajuda por negar-se ajuda.
Não se trata de desvalorizar o dom de si, seja ele por depressão.
Não se trata de sugerir que a fuga de si através da ajuda ao outro não seria um desvio nobre, necessário e útil, que poderá, inclusive, conduzir-nos mais rápido a nós mesmos.
Trata-se de sensibilizarmo-nos à essência da misericórdia, que é a misericórdia de si.
E, sobretudo, à essência da misericórdia de si, que é a fonte de todo prazer.

Para descobrir isso, alguns de nós terão que passar pelo desvio de oferecê-la aos demais antes de entenderem que, com isso, estarão apenas punindo a si mesmos.
Outros endurecerão seus corações, chegarão ao fundo da insensibilidade, pois só daí conseguirão acreditar na autenticidade da misericórdia.

Mas seja qual for o caminho, e mesmo que leve "vidas", como diriam os budistas, cada um de nós acabará entendendo que toda forma de misericórdia é uma forma de misericórdia a si, e que toda ela contém todo real prazer que possamos ter.
Mesmo os mais "carnais" dos prazeres, meu amor, será sentido e vivido de uma maneira extremamente pobre por alguém que é "duro" de coração para consigo mesmo.
Mas...
Poucos de nós dão-se realmente o tempo de meditar longamente sobre isso, não é, meu amor?

Quando insensibilizamos nossos corações, compaixão parece coisa de gente débil, emocionalmente afetada e mentalmente frágil.
Ademais, há realmente uma certa confusão generalizada entre as palavras "misericórdia" e "culpa".
E a primeira pergunta que deveria colocar-se quem deseja encarnar o arquétipo da misericórdia, seria:

Seria possível chegar à misericórdia não tendo compaixão dos que ainda não a alcançaram?

Esta pergunta, calma, longa e francamente colocada, seria suficiente para levar quem a responde, logicamente, ao sentimento que revela, que toda falta de misericórdia, reflete uma negação da misericórdia a si mesmo.

Uma vez que entendermos que as pessoas que culpabilizamos e acusamos de falta de compaixão são apenas o reflexo da nossa falta de misericórdia para conosco, poderemos abordar a questão seguinte ligada à misericórdia, que é sua exploração por pessoas que abusam da boa-fé e da culpabilidade derivadas de uma compaixão decretada como "dever", como"obrigação".

Jesus usou palavras muito duras para indicar a hipocrisia de uma atitude generosa em aparência mas culpabilizadora no fundo.
Tais pessoas foram chamadas de "sepulcros caiados" por ele, que designava com esse termo a dissimulação de um coração duro, culpabilizado e culpabilizante, sob uma aparência de bondade.
Por formular assim, "preto no branco" e publicamente, a atitude de "mercadores do templo" de exploradores da culpabilidade e boa-fé daqueles líderes religiosos, Jesus em muito "contribuiu" à sua crucificação.

A questão da misericórdia tem, então, que ser abordada a partir da misericórdia negada a si, meu amor.
Só daí entenderemos como exploramos os demais a partir dela, pois todos somos "sepulcros caiados", e como deixamo-nos, igualmente, explorar por quem nega a própria compaixão a si mesmo.

Muitos humanos querem sim, que demos a eles a misericórdia que não nos damos.
O humano que te pede tua piedade a ele nesse caso, sabe que dando a ele o que ele mesmo recusa a se dar, tu também estarás roubando de si, e ele sabe que tanto tu como ele são ladrões de si mesmo.No fundo, meu amor, quando um humano pede tua piedade, o que ele quer mesmo é que tu demonstres a ele tua piedade a ti mesmo.
Mas quem entende isso?
Quem sabe espelhar isso?
A não ser quem já sente realmente misericórdia de si?
Só que ele, o que recebe tua misericórdia, sabendo que tu a ofertas para continuar negando-a a si, diverte-se com esse roubo de si mais do que tu, pois ele, ao menos, joga fora a dele e a tua, e acabará um dia descobrindo o vampiro de atenção, de afeto insaciado que é, quando deixaremos de ser "masoquistas idiotas", constatando que jogamos "pérolas aos porcos", segundo a fórmula de Jesus para designar a atitude de quem dá a quem não quer receber.

Mas quem se diverte, ou se vinga, explorando a compaixão alheia, ou fazendo da culpabilidade um comércio, estará, evidentemente, ainda mais distante da misericórdia, logo, da fonte de todo prazer.
Em compensação, quem assim age, está mais consciente da sua falta de compaixão para consigo mesmo do que quem a pratica movido pela culpa.
Este último reclamará duplamente da sorte:
Primeiro, porque estará obrigando-se a dar ao outro o que no fundo não quer dar.
Segundo, porque não estará recebendo o que dá ao outro para não dar a si mesmo.
Mas, uma longa meditação sobre o sentimento de culpa, pode levar-nos à constatação de que quando agimos movidos por ela, na realidade só estamos vingando-nos impiedosamente de nós mesmos.
Mas leva muito tempo e, sobretudo, muita reflexão, até que entendamos que o arquétipo da misericórdia só se expande a partir de nós mesmos quando utilizado basicamente em causa própria.
Em princípio, toda idéia de ocupar-se dos próprios interesses nos parece suspeita de "egoísmo", meu amor.
E só depois de muito tempo de meditação acabaremos entendendo que as pessoas que aparentemente mais buscam para si, mesmo prejudicando as demais, são, na realidade, as que menos misericórdia de si mesmas tem, as que menos se amam, as mais miseravelmente pobres, pois mesmo que possuam tudo, ainda terão o sentimento de não possuírem nada.
Toda pessoa "extrema", meu amor, quer se trate de um "miserável" ou de um "abastado", que necessita possuir muito mais do que necessita, nada mais é, no fundo, do que alguém que ainda não é consciente de que nega a si mesmo a dádiva e os dons do arquétipo da misericórdia.
Começa, então, a meditar sobre o que poderia ser realmente ter compaixão de si, meu amor.
Olha em volta de ti.
Observa como as pessoas lamentam-se do que não receberam, mas como continuam negando a si mesmas toda possibilidade de mudança, alegando "medo", "impossibilidade", porém, mantendo-se em situações de sofrimento, sem se decidirem nem a assumir onde estão, nem a mudar.

A misericórdia é o maior dos arquétipos, meu amor, o maior dos presentes.
Talvez por isso mesmo seja o que mais ignoramos…
Ainda…

Medita, então, longamente sobre ele, meu amor.
Gostaria de não ter que afirmar-te aqui, de "prometer-te" que, fazendo-o, encontrarás teu maior tesouro.
Pois esse tesouro, que sempre esteve, e sempre estará, no fundo de ti mesmo, só poderá ser teu quando aceitares experimentá-lo.
Palavras e promessas nunca te conduzirão a nenhuma realidade, meu amor.
Vive o que pensas que "deves" viver:

Tua experiência é teu único autêntico mestre.

Não saias por aí, então, meu amor, jogando "pérolas aos porcos".
Busca antes entender, que enquanto te obstinas a dar a quem não quer receber, estás apenas ocultando de ti mesmo que dás a quem não quer receber porque negas a ti mesmo.

Aceita as pérolas da misericórdia antes de mais nada para ti mesmo, meu amor.
Só isso te tornará apto a compartilhá-las.
Só isso liberará a fonte de todo prazer em ti.

Só essa constatação pode curar-nos da nossa megalomania tão humana, meu amor, de crermos que o outro precisa da nossa "compaixão" por outro motivo que o de negá-la a si mesmo.
Chamo esse engano de "megalomania", pois confundimos a misericórdia que emana de si com a pseudo-misericórdia que representa dar ao próximo negando-se a si mesmo.
E nossa "megalomania" consiste em não querer entender que a misericórdia é um patrimônio "arquetípico" da humanidade, não um dom que só alguns possuem.
Nossa "megalomania" consiste em não entendermos que ninguém que não esteja negando misericórdia a si mesmo necessitaria de nossa "compaixão".
Quer seja uma "vítima", um "pobre", quer se trate de um "abastado", ou de um "carrasco".

Mas, cada vez que ofertamos nossa misericórdia a alguém, não pensamos que ele nega a misericórdia a si mesmo, cremos que ele não a possui em si e que depende da nossa.

Para entender isso melhor, proponho-te aqui um cenário imaginário, meu amor:
Suponhas que "deus" existe, pouco importa aqui que já creias nele ou que sejas ateu, e que ele teria ofertado a cada humano o "dom", o arquétipo da misericórdia de si, como fonte de permissão, de desculpabilização, de "perdão a si mesmo”, enfim, de prazer.
Imagina que a enigmática frase "ama ao próximo como A TI MESMO", seja um indício disso.
Suponhas, enfim, que o "Deus de amor" não teria negado a nenhuma das suas criaturas o dom do amor a si mesmo, fonte de todo amor compartilhado.
"Consciente" da tua possessão da misericórdia de si, assim como cada um dos teus semelhantes, que dirias tu diante de um "necessitado"?

Será que dirias:
"Eis aí a minha misericórdia que Deus ofertou a mim (mas que não a quero para mim...) que te oferto, pobre miserável a quem Deus não deu nenhuma misericórdia de si".

Ou, antes, dirias:
Ué? O que essa criatura fez da misericórdia de si que Deus lhe ofertou?
Onde ele escondeu este "dom" dentro dele mesmo para estar aí nessa miséria negra, afetiva e/ou moral??
Vês porque sugiro que toda misericórdia irrefletida é… "megalomania", meu amor?
Se "ajudamos" sem dar ao outro uma possibilidade de auto-ajuda, não somente atrofiamos seu potencial humano, como sugerimos implicitamente que ele não é tão capaz quanto somos.
Luiz Gonzaga, referindo-se à "ajuda" dos órgãos federais à seca do nordeste, utilizou versos que deveríamos meditar mais longamente sobre eles meu amor:
"Mas, doutor, uma esmola, para um homem que é são, ou o mata de vergonha, ou vicia o cidadão…"

Ajudar, sem dar ao outro uma oportunidade de questionar-se PORQUE permitiu-se chegar à decadência total, ou é explorá-lo, mantê-lo em situação de dependência, ou é utilizá-lo, ajudando-o, para continuar negando ajuda a si mesmo.
Há também aqueles que fecharam seus corações a toda auto e hetero-ajuda.
Estes encontraram um meio mais "eficaz" ainda de rejeitar o arquétipo da misericórdia:
Eles se contentam em observar a enorme "palhaçada" que é, vista deles, a "hipocrisia" "fariseana" da misericórdia, que eles reduzem à manipulação da culpabilidade e credulidade alheia, já descrita acima.
Tais "observadores percebem muito bem o quanto os "ajudadores" não querem mesmo ajudar, observam como os "ajudados" não querem mesmo a ajuda que fingem pedir e, sentindo-se mais espertos que os demais por entenderem isso ...
Silenciam...Nem dão, nem pedem ajuda.
Fecham-se numa frieza... "protetora", certos de que assim protegem-se da hipocrisia de fazer circular uma misericórdia entre quem não a quer.
Estes sentem-se mais dignos, mais espertos, mais justos que os demais.
Deixam-se tratar de frios, de cruéis, de egoístas, pelos "fariseus" agachados num corredor de metrô diante de um clochard pestilento, por estarem convictos da hipocrisia dos que só são generosos "de fachada".Estes não acreditam mais na ajuda, nem de si a si, nem de outro a si.
Na realidade, estes são os mais miseráveis, meu amor, os que estão mais distantes do arquétipo da misericórdia.
Vamos, então, nós todos, meu amor, seja lá quem formos, seja lá em qual descrição nos encontremos desse repúdio, dessa rejeição nossa ao dom da misericórdia a si, base de toda auto-ajuda e de todo gozo, vamos todos agora buscar o contato com esse "arquétipo", ou com esse "anjo".

Vamos procurar ter "pena" de nós mesmos, compaixão de nós mesmos, dó de nós mesmos.
Mas, não, evidentemente, na intenção de lamentarmo-nos, se bem que lágrimas incontroláveis sempre jorram nesse reencontro de nós com nós mesmos.
O que vamos, isso sim, é ter misericórdia conosco, para começarmos AQUI, AGORA E JÁ!!! a nos ajudarmos, e REALMENTE!
Vamos interessar-nos pelo que realmente necessitamos, deixar de intoxicarmo-nos, de punirmo-nos com todo tipo de "droga" que usamos para não estarmos atentos, disponíveis a nós mesmos.Vamos nos afastando devagarzinho das coisas que deixamos que nos invadam e nos envenenem só para nos punir, só para continuarmos negando a misericórdia a nós mesmos, a ajuda a nós mesmos, sob o pretexto tão usado e abusado, que nos parece tão válido quando o evocamos debaixo de soluços...Pretexto que nos diz que ninguém nunca interessou-se realmente por nós mesmos, que nossos pais e mães foram os primeiros a não ver-nos, a negar nossa essência, a não dar-nos o amor, a atenção e a proteção que criariam as oportunidades que necessitávamos para aprendermos a cuidar de nós mesmos, etc. e tal.Todos nós conhecemos estes pretextos, os empregamos e somos "experts" em detectá-los nos demais.Mas...Estamos nós mesmos nos dando a nós mesmos nossa oportunidade SEMPRE?
Aceitamos recomeçar para aprender?
Concedemo-nos, diante dos nossos erros, a misericórdia de que reclamamos?
Ou continuamos a abandonar-nos, como nos ensinaram a fazê-lo, desde pequenos?
Pois o fato de que toda criança se sente, inevitavelmente, desprotegida e incompreendida pelos seus educadores, faz parte da educação, da maturação pessoal, da individuação.
O sentimento de abandono é um arquétipo de "rito iniciático" de passagem à idade adulta.

Mas o abandono será vivido como um "malefício" enquanto não entendermos sua função de fator de maturação do nosso caráter.
O arquétipo do abandono torna-se, assim, o motor, a "desculpa" que utilizamos, já na idade adulta, para também nos abandonarmos, para não assumirmos a responsabilidade das nossas próprias vidas.

Esse abandono de si traduz-se através do nosso comportamento impiedoso para com nós mesmos:
Odiando-nos, repudiando-nos, punindo-nos e castigando-nos com todo tipo de miséria e de coisas que fazemos e ingurgitamos, sabendo, conscientemente, que estamos fazendo-nos mal e continuando, para levar-nos ao desgosto total de si, à náusea, ao vômito, para odiar a si ao máximo.
Esse ódio a si nos levará, em seguida, ao desprezo dos demais.
Ignorando que somos os únicos responsáveis por nós mesmos na idade adulta, acusaremos nossos pais, o governo, nosso país e todos aqueles a quem atribuímos a responsabilidade das nossas próprias decisões: o "destino", deus", o "diabo", o "acaso" ou o "nada", alguém terá que ser responsável pela nossa própria responsabilidade não assumida.

Para reverter a nosso favor essa sensação de abandono, de "azar" ou de "fatalismo", basta que meditemos séria e longamente sobre a necessidade imperativa de não nos abandonarmos por sentirmo-nos abandonados, basta constatarmos o arquétipo da misericórdia de si, basta "capturarmos" REMIEL.

Pois Remiel é o nome desse anjo-arquétipo, meu amor.
Quanto maior nosso desespero, maior a possibilidade de ativarmos a misericórdia de si, meu amor.
Ela molda-se exatamente aos nossos mais profundos anseios, ela nos acompanha em nossos momentos de profunda solidão, ela está sempre ao nosso lado, embora nosso orgulho, enquanto ele nos dominar, impedir-nos-á de senti-la.

Para constatar o que aqui afirmo, pergunta-te agora, meu amor:
O que faço quando me "desespero"?
No fundo, cada um de nós, à sua maneira, faz sempre o mesmo:
Xinga, berra, esperneia, conjura, maldiz, odeia a tudo e a todos, começando por si mesmo, descabela-se, agride, fuma, embriaga-se, mata-se, até silenciar tudo em si, por exaustão, até calar, atingir a prostração.
E tu fazes muito bem em fazer isso, meu amor: esse é o caminho!!
Se não tivestes agido assim sempre que necessitastes "extravasar", defender-te, sequer estarias hoje lendo essa mensagem.
Mas, já que chegastes até aqui, pesquisa se já não é tempo de começares a substituir esse método desgastante pela misericórdia de si.
Tenta aprender, aos poucos, e sem reprimir-te, a substituir toda catarse através da cólera, pela ação de ocupar-se concretamente de si.
Aprende a consagrar-te o tempo que necessitas, oferta-te coisas simples, mínimas, mas que te levarão, pouco a pouco, a reencontrar-te contigo mesmo.
Caso não o consigas, ainda, caso maldizer-te seja mais forte do que bendizer-te, estejas certo que o fato de não teres suspendido a leitura dessa mensagem ainda, já é a prova de que a misericórdia de si está sendo ativada em ti nesse momento mesmo.

Tua "curiosidade" vem do fato de que nós todos "suspeitamos" o que aqui exponho sob o manto do arquétipo da misericórdia a si, meu amor.
Todos nós "intuímos" a presença do anjo-arquétipo Remiel em nossas vidas, principalmente quando mais nos punimos.
Mesmo que jamais tenhamos pensado conscientemente a respeito do assunto.
Mesmo quando nunca ouvimos falar disto.
Mesmo quando ouvimos falar e rimos de tamanha idiotice.
Mesmo quando fingimos acreditar nisso, para melhor negarmos, sabotarmos sistematicamente a auto-ajuda.

Todos intuímos a realidade e a necessidade da misericórdia de si:
Ajuda-te e o céu te ajudará, diz um velho ditado.
Seja, então, qual for nossa opinião a respeito do arquétipo da misericórdia, ele sempre nos acompanha.
"Remiel", ou anjo-arquétipo conscientizado por aqueles que não mais abandonam a si mesmos, mesmo na mais negra sensação de solidão e abandono, estará ao nosso lado, meu amor, só esperando que tenhamos REALMENTE dó de nós mesmos, que aceitemos presentear-nos com a misericórdia a si, eliminando, pouco a pouco, todos os auto-flagelos que nos infligimos.
Talvez já tenhas encontrado a tua própria maneira de fazer-te feliz, de ter misericórdia de ti mesmo.Glória a ti, então, meu amor, que encontrastes teu "paraíso".
Pois que o "céu" seja para ti uma realidade metafísica, ou apenas uma metáfora referente ao sentimento de felicidade, podes ter certeza de que ele inicia-se em "Remiel", ou seja, na misericórdia de si.

Talvez sofras desesperadamente, meu amor, mas és ainda orgulhoso demais para apiedar-te do teu próprio sofrer.Se for o caso, mais desespero ainda terá que vir em teu auxílio, pois teimoso como és, meu amor, só bastante sofrimento poderia ajudar-te a superar o orgulho de pedir ajuda a seja lá quem for.
Quando nosso orgulho é desmedido, só um intenso desespero consegue despertar "Remiel" em nossos corações.
Talvez sequer saibas ainda que vives desesperado!
Segue, mesmo assim, tua trilha sem inquietude, meu amor, pois um dia dar-te-ás conta de que teu estado reflete teu próprio abandono de ti mesmo, compreenderás que escondes ainda uma recriminação a ti mesmo.
No fundo, ainda não te julgas digno, merecedor de amor.
Toda e qualquer queixa, meu amor, sempre reflete nossa falta de amor próprio, nossa imaturidade afetiva, nossa espera de que façam por nós o que nos recusamos de fazer por nós mesmos.
Mas, quando temermos o ridículo de pedir ajuda para alcançarmos a auto-ajuda menos do que o ridículo de sofrer, o potente arquétipo da misericórdia será ativado dentro de cada um de nós, meu amor.
"Remiel" poderá, então, vir em nosso auxílio, meu amor, mostrando-nos, a cada passo, como utilizarmos a nosso favor o que, até o presente, utilizávamos contra nós mesmos.

domingo, 15 de novembro de 2009

Cerviel: A coragem de mudar

CERVIEL: A CORAGEM DE MUDAR

PARA ONDE IR? COMO E POR ONDE IR?

Quem sabe onde a vida nos leva, meu amor?
A resposta mais escutada a essa questão é:Todos vamos ao cemitério...
Tudo bem, mas o que fazer enquanto esperamos nossa vez?
Do nosso ponto de vista humano, a morte é a mais temível das "mudanças", meu amor.
Ela é, parece ser, a última mudança, a "definitiva", a menos compreendida e menos aceita pela nossa razão.
Sobre ela só há hipóteses e "certezas" que dependem da intuição ou da fé.
A morte representa, assim, a metáfora maior do termo "mudança".
E melhor seria mesmo dizer que toda mudança nada mais é do que uma metáfora da morte.
Por isso é que nossa resistência a mudar qualquer coisa de bom, e até mesmo de ruim, em nossas vidas, desde que estejamos longamente habituados a ela, identificados a ela, tem a ver com o nosso temor da morte.
Pois, toda mudança representa a "morte" do que havia antes.
Como a morte está "diante" de nós, como toda mudança parece lembrá-la, pois significa "perda", e perda significa morte, todos nós nos instalamos em hábitos e rotinas sem questionarmos muito se aquilo corresponde ou não ao que necessitamos.Pois, antes de mais nada, necessitamos nos tranqüilizar em relação à morte.
Daí a importância de meditarmos atentamente à questão da morte, meu amor, pois é essa questão que determina, quer queiramos ou não, o sentido da nossa vida.
Mas, quer acredites numa vida após a morte ou que estejas convicto de que tudo acaba nela, há um ponto com o qual todos nós poderemos concordar:Só morto teremos a comprovação, ou não, da nossa suposição sobre a morte.
Pode te parecer paradoxal, meu amor, que em uma frase eu recomende uma meditação longa e minuciosa sobre a morte, e que na frase seguinte sugira que o problema seja definido quando a estivermos, digamos, "vivendo"...
A meditação será útil para que tenhas mais claro qual é realmente tua posição em relação à morte, meu amor, pois só assim compreenderás melhor tua posição em relação às mudanças inevitáveis da vida.E a proposição para que aceites deixar a comprovação em aberto, até teu encontro com ela, é simplesmente uma questão de utilidade prática:Pois, se passares tua vida pensando na morte, quando viverás?
Para que viver, porque viver, são questões que obtiveram múltiplas respostas distintas, desde o começo da humanidade, dadas por pensadores todos dignos da nossa admiração e do nosso respeito.
Mas, uma resposta a uma questão tão absoluta, só pode, evidentemente, ser relativa.
Pouco importa qual tenha sido a tua escolha pessoal, seja ela transcendente ou materialista, o importante é que aceites que não és o "dono da verdade", e que mesmo em relação a tua crença, há mil maneiras distintas de concebê-la.
Basta olhar as inúmeras e contraditórias versões que existem, tanto do cristianismo como do marxismo.Mesmo no seio de uma mesma "igreja".
Tolerar outras versões da verdade que não correspondam à tua, meu amor, muito longe de enfraquecer tua posição, só poderá trazer-lhe uma força insuspeitada e insuspeitável, pois tua crença não viverá mais graças à negação das demais, mas do que virá, para reforçá-la, do mais profundo de ti mesmo.
Chegamos, assim, à primeira questão formulada no início:Para onde ir?Pouco importa, meu amor.
Pois, o que importa mesmo, é que saibas que sempre poderás mudar de direção, já que trabalhas com dados relativos, e "onde" ir é uma questão absoluta que só revela sua direção passo a passo:Diz o ditado que "Deus escreve certo por linhas tortas".Logo, quer seja Deus ou o acaso que guia teus passos, nunca saberás, com certeza, "por onde", nem "como" terás que prosseguir, o que responde às duas últimas questões iniciais.
Não desanima com essa incerteza inerente à nossa condição humana, meu amor.
Essa "revelação passo-a-passo" do nosso caminho, seja qual for nossa crença sobre a vida e sobre a morte, tanto pode ser destruidora da nossa força, dos nossos ideais, como pode nutri-los!
Basta que entendamos que viver é mudar constantemente.Não adianta nos apegarmos às nossas certezas ou aos nossos hábitos, pois quanto mais eles serão solicitados pela lei da mudança, mais sofreremos ao querer inutilmente conservá-los.Resistir a uma mudança "inaceitável" é humano, meu amor.Inclusive, só resistindo poderemos comprovar que ela é inevitável.
Mas, permanecer na dor da perda além do período inevitável de "luto", permanecer identificado ao que foi, negando o que é, é negar vida à vida, é optar por viver a morte antes da hora.
Claro que sempre haverá um ganho nesse sofrimento, meu amor, pois todo esforço inútil nos tornará mais fluidos, mais móveis, já que todo esforço inútil é um aprendizado a deixar de realizar esforços inúteis.Se bem que nossa teimosia nos obrigará a repetir durante anos, ou "vidas", diriam os budistas, sob formas distintas essa mesma lição...
Sabes porque sofres tanto com certas mudanças na tua vida, meu amor?
Não é porque elas te privam de algo insubstituível, como crês, mas porque não aceitas sequer ver o que te foi dado em troca.
E, enquanto acreditares que não poderás mais viver sem o que perdestes, jamais poderás ver o que ganhastes.
Na perda, todos nós recusamos a olhar outra coisa que não seja a dor da perda.Não há o que dizer sobre isso.Não agir assim não é humano.
Mas obstinar-se indefinidamente sobre a dor reverte a mudança?
A partir daí age o nosso orgulho e a nossa arrogância, que monopolizam e cegam nossa percepção, fazendo-nos crer que sabemos "para onde" e, sobretudo, "como e por onde" estamos indo.
Como vimos antes, toda resposta a essa questão é uma simples suposição.
Logo, a dor da perda só se prolongará enquanto negarmos o caminho, fixando-nos no que foi apenas um dos seus passos.
Quando encontrares a dor da perda, aceita ser mais humilde, meu amor, aceita reabrir teus olhos turvos de lágrimas, desde que possível.Busca, então, o incrível presente que a vida te trouxe e que teu medo de ser feliz te impede de usufruir plenamente dele.Pois não é a perda de uma felicidade que nos torna infelizes e apegados à dor, meu amor, mas é o nosso medo de sermos plenamente felizes.
Só se caminha passo-a-passo, meu amor.Enquanto não abrires os olhos, cegos de dor, o caminho te parecerá ameaçador e vão.Quando aceitares simplesmente caminhar, verás que é o próprio caminho que te conduz, não há outro guia.
Não pode haver mudança que não seja para melhor, meu amor.
Mas levaremos muito tempo ainda lamentando nossa desgraça antes de termos olhos para enxergar a graça que alcançamos através dela.
Se o que aqui digo te irrita profundamente, meu amor, ou te dá uma sensação de tristeza e de "incompetência", é porque essa lição ainda não é para ti, ainda necessitas conhecer melhor o "luto" e a perda, que te levarão, pelo seu "paroxismo", ao passo seguinte a elas.
Ignora, então, temporariamente essa lição.Já tomastes conhecimento dela uma vez mais aqui.Voltarás a ela certamente.E certamente antes do que imaginas.
Mas, se esse texto te estimula, desperta tua curiosidade em saber se o que aqui afirmo pode mesmo ser constatável, ou seja, se te interessa averiguar que toda mudança é obrigatoriamente uma mudança para melhor, então está na tua hora de dar um passo a mais nessa direção, meu amor!
Basta para isso que aceites relativizar tua crença em que realmente sabes qual é o teu caminho, ou sequer os passos que te conduzem a ele, o que é mentira da tua parte, para que em seguida estejas aberto para compor teu mundo a partir do que já está presente nele, e não mais a partir do que tu supões que teria de estar obrigatoriamente aí.
Longe de encontrar um simples "consolo", a utilização dos próprios meios do caminho para chegar ao passo seguinte dele mesmo, conduzir-te-á a uma plenitude de vida que não serias capaz de crer possível.
Só há um meio de verificar isso, meu amor:Tentando.
Digo mais: tentando provar que o "mentiroso" sou eu, meu amor, pois não deve ter te escapado que te chamei de "mentiroso" há poucas linhas atrás...
Aceita, então, esse "desafio", se tua curiosidade já te estimula a ele.Repito, caso não haja um mínimo de curiosidade e apenas desolação nessa leitura, respeita tua dor, ainda não é o momento de transpô-la.
Mas, se estás disposto a deixar tua dor e tuas queixas de lado por um momento para concentrar-te unicamente no que veio no lugar do que lamentas que se foi, ou que não chegou, se aceitas compor com o que está presente em teu mundo, se começas a refletir como poderás utilizar os dados de uma situação para conduzi-la a uma outra, se concordas em não te lamentar pelos teus erros e fracassos nestas tentativas, para utilizar a lição que cada uma delas te trouxe, se te concentras unicamente no que estás fazendo sem te alterar com o resultado obtido, utilizando sempre um novo erro para preparar o próximo acerto, então só poderás constatar que tenho razão.
Terás então capturado CERVIEL, ou a coragem de mudar, meu amor.
E não há outra coragem que não seja essa, meu amor.Pois como o termo "coragem" está relacionado com o termo "enfrentar", são unicamente as mudanças que requerem nossa coragem de enfrentar: Coragem de mudar, coragem de mudar-se para o que mudou, coragem de realizar novas mudanças.
O arquétipo da mudança é, certamente, um dos mais necessários à nossa existência e à nossa sobrevivência, pois é dele que depende o sucesso da nossa caminhada nessa vida.
Cerviel é o anjo que representa esse arquétipo, meu amor, é ele que nos acompanha desde que nos decidamos a olhar o que está em nossa volta, não nos perguntando mais se gostamos daquilo ou não, mas aceitando compor com o que se apresenta, acionando-o em direção ao que pretendemos obter.
Invocar Cerviel, "capturá-lo", é unicamente tentar o "desafio" que aqui proponho.
Sair da reclamação para entrar na ação, eis Cerviel em ação.

sábado, 14 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Aulas de conversação via skype

Adicionem xonado.surfista


aulas com de conversação via fone e skype, fale fluente!!

domingo, 8 de novembro de 2009

Logosofia, defenda-se do engano..

"A evolução consciente permite ao homem defender-se do engano onde quer que este o espreite, porque fundamenta sua defesa no conhecimento das causas que o engendram. Assim, por exemplo, sabe que é impostura o que não concorda com a realidade e o que se esquiva à verificação individual à qual todo ser tinha direito. As verdades, quando o são, não se ocultam nem se impôem; revelam-se à luz da razão, com o objetivo de que o homem tome consciência delas e as use para emancipar-se da ignorância. O que se pretende impor como verdade só tem um fim: escravizar o ente humano, para convertê-lo em instrumento que exploram sua credulidade.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Do your Calzone

http://www.youtube.com/watch?v=utBCIlFvqp8

curiosidades

Dr. Queiroz
Dr. Queiroz, 60, is a psychiatrist and psychotherapist, with a Ph. D. in Psychocybernetic Medicine, in Germany, where he lived from 1975 to 1980. During this time, he finished his study in Gestalt-therapy with Werner Arnett, a direct disciple of Perls; he studied and experienced the anthroposophical vision of Medicine and Psychotherapy, at “Gemeinschaftskrankenhaus”, in Herdecke; he studied Zen deeply, with Graf Dürkheim; he has also studied Kinomichi, a technique originating in Aikido, with master Noro, a direct disciple of master Ueshiba, founder of the movement. He has lived and exercised psychotherapy in Paris since 1981 and has dedicated the last twenty years, from his thirty years of experience with psychotherapeutic techniques, to research the techniques that best answer the questions of those who look for help to heal their psychic maladies, according to each individual’s personality. He has subsequently developed methods of personal development that utilize emotions as well as the body, reason and intuition as ways in the search for “one’s self”. Author of the book The Phenix: from Psychic Death to Birth of Thought, published by Madras Publishing house. Founder of the Phenix Culture Movement, which is located in France, Brazil, and Spain, where he regularly gives lectures and workshops.

domingo, 1 de novembro de 2009

Aulas presenciais e via fone, R$25,00 hora aula

para turmas de até 5 alunos.


Att

Rodrigo B. Parra